terça-feira, 17 de abril de 2012

Namorar

Vem segurar minha mão,
passear em tarde de domingo,
ver filme em dia de chuva debaixo de cobertor,
selecionar um marco, uma canção.

Vem se apoiar em meu ombro,
tatear meu rosto à toa,
e no escuro, conversar sem parar, até dormir,
como se fosse um encanto.

Vem cuidar de mim,
fazer-me um chá quando gripada,
beijar-me ardentemente no cinema,
ser meu amor num amorim.

Andar de bicicleta e mãos dadas,
girar roda gigante em qualquer parque,
trocar presentes sem data marcada,
várias viagens, um só embarque!

Gênero

Meu peito primavera,
brota o oculto,
Minh’ alma é um jardim
perfuma a vida
Sou feita de alecrim,
doce de abóbora
Minha casca de cetim,
o tempo é vulto
Eu sou pandora.

Me acolho semente,
meiga força,
Desabrocho amor e existência
Sou perdão, escudo,
vã leveza,
fogo, água,
porto de riqueza,
pausa e avanço,
verdade e mágoa.

Me visto rocha,
oceano,
Sou fel palavra
grito, luta,
Leoa em dia de caça,
manto, colo e embalo,
parte inteira que se rasga
vento que esparrama
Espada e faro.

O coração

É como rosa que floresce
pétalas que brilham cores vivas
casa – janelas e portas abertas
alma que passeia pelas frestas
refúgio, ombro, que o anjo visita.

É como terra fértil pra plantio
disposta a cultivar a qualquer custo
o seu arar singelo como música
sua coragem, força que assusta
o seu amor é o melhor adubo.

Há peças que nele não se encaixam:
o medo – inércia que derruba
a corvardia – uma apática fuga
o egoísmo - crença que anula
o ódio, a dor, frieza, angústia, culpa
.