terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

FULANO DE TAL

Hoje morreu Fulano de Tal
talvez saia uma nota na página policial.
Alguém sai à procura do seu nome,
outro diz "é menos um vagabundo" e  some.

Fulano de Tal morre ou é morto?
ninguém sabe.
Mas também o que isto importa pra sociedade?
Somos mais um na estatística da morte
um número subtraído no jogo da sorte.

Fulano de Tal sem casa e paletó
Magrão, seu apelido- identidade
mais um lixo na grande cidade,
que a gente ignora ou tem dó.

E assim Fulano Magrão já era
nem lugar pra morrer, quem dera
Talvez objeto para anatomia
o posto que melhor ele ocuparia.

Esta é a contradição
Nem sempre quem trabalha
enche de moeda a mão
dá duro pra um mísero salário
e ainda dá lucro pra otário

Trabalhar pra quê?
Se não leva a nada.
se salário de político
é o maior da bancada...

Fulano de Tal
malandro, vagabundo
um jeca preguiçoso
Sem pouso,
moribundo.

Hoje Fulano de Tal dorme em paz
talvez agora encontre um conforto a mais
pois aqui o inferno é a regra
e o amor, a única coisa que quebra
e eu fico com minha crise moral
pensando em quem seria Fulano de Tal.

(escrito em 16/03/2003 - baseado em fato real)

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